quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Para o caso de voltar

Hoje foi o dia da entrevista (marcada desde que cheguei) para conseguir o National Insurence Number (Nº da Seg. Social). 
Tinha que lá estar às 9h50 mas como não sabia ao certo onde era e quanto tempo demorava saí de casa às 8h. Mesmo que quisesse ir mais tarde tinha que acordar à mesma cedo porque veio cá um homem a casa às 7h30 para arranjar a varanda do meu quarto. 
7h30 da manhã?! (Os ingleses são malucos. - facto!)
Saí de casa, passei no restaurante para ir buscar um café para o caminho e apanhei o "196" até Brixton. A viagem demorou quase o dobro do que costuma demorar - muito trânsito - e eu estava a ver que mesmo saindo de casa com duas horas de antecedência ia chegar atrasada. 
Mas não. 
No metro de Brixton até Tooting Bec foi um instante e depois o caminho a pé era curto e estava bem assinalado por isso consegui não me perder. 
Cheguei às 9h40, esperei, falaram comigo durante 10 minutos, esperei, e saí de lá passada uma hora (10h40, portanto). Basicamente só me perguntaram a morada, quando tinha chegado, se tinha emprego (disse que não tendo em consideração as circunstâncias) e, assim sendo, quem me sustentava. E pronto, no prazo de duas semanas chega uma carta a casa com número. 
Mais um bocadinho e eu já não estava cá para a receber. 

Como me despachei cedo fui até Nothing Hill para dar mais uma volta pelo Portobello Market para ver se via alguma coisa engraçada para comprar como souvenir. 
Estava quase deserto. Estranhei e perguntei a um senhor se o mercado era só naquela rua ou havia mais. Disse-me que o "mercado mercado" é ao sábado. Hoje aquilo nem era 1% do que é ao sábado. 
Ah, sendo assim está explicado. 
De qualquer forma a viagem não foi em vão. 
Logo quando saí do metro em Nothing Hill vi um balcão de um banco que me disseram ser o mais fácil para abrir uma conta. 
Entrei para tentar e consegui logo abrir a conta. 
(Muito mais fácil do que a primeira tentativa que fiz quando cheguei, noutro banco, em que me marcaram uma entrevista para uma semana mais tarde... e que eu não fui porque já estava a trabalhar)
E pronto, agora é esperar três dias que chegue o cartão a casa. 

Tendo em consideração que vou embora daqui a sensivelmente 15 dias fazer "agora" o nº da seg. social e abrir a conta no banco pode parecer um bocadinho disparatado, mas ficam para o caso de voltar. 

O resto do dia foi passear. 
Amanhã volto ao trabalho. 





quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Chance

Ontem não escrevi porque basicamente não tinha novidades.
Foi um dia calmo, sem muitos clientes e nenhuma história interessante para contar. 

Mas hoje tenho. 
Estava eu na cozinha a lavar alguma loiça dos primeiros clientes da manhã quando tenho a sensação de ouvir falar português no restaurante. Fui verificar e confirmou-se. 
As portuguesas que habitualmente vão lá beber um cappuccino e comer uma torrada estavam na mesa junto à janela.
Queria meter conversa mas estava lá dentro a lavar a loiça. Tinha que terminar aquela tarefa antes de regressar à sala. Despachei-me e tentei ficar com atenção para o caso de se levantarem para irem embora. Demoraram cerca de 5 minutos e eu ainda não tinha terminado tudo. Deixei o que estava a fazer e fui até à sala fazer "qualquer coisa". 
"qualquer coisa" servia só mesmo para dizer olá e esperar que elas me trouxessem algumas novidades sobre uma qualquer oportunidade lá na escola onde trabalham. 
Na última visita a senhora tinha-me dito que tinha falado com a professora e que era complicado porque precisava de uma série de requisitos e papelada só mesmo para entrar na escola (como por exemplo o registo criminal feito pela polícia inglesa). 
Mas mesmo assim tinha esperança que pudesse ter alguma novidade. E tinha. 
Disse-me que tinha falado directamente com a directora da escola sobre o meu "caso" e que ela tinha dito que era possível eu fazer um estágio ou ser professora assistente. Tinha que ir lá para conversar e perceber o que era realmente necessário (burocracias e papelada). 
Perguntei-lhe se era possível ir já amanhã uma vez que não vou trabalhar porque já tenho a entrevista marcada (desde que cheguei) para conseguir o meu "National Insurence Number" (Nº da Seg. Social). 
Respondeu-me que era melhor ela combinar primeiro com a directora. Disse-lhe que era melhor ser o "quanto antes" porque vou embora para Portugal daqui a duas semanas. 
- Ah, então o melhor é ser depois quando voltares. - disse-me. 
- Pois, mas eu não sei se volto.
- Então mas agora as aulas já estão a acabar. Assim é complicado. 
- Sim. Mas se for para ir para a escola eu volto. Só para trabalhar aqui (restaurante) é que possívelmente não regresso. 
Percebeu e disse que assim sendo ia tentar marcar a reunião para o mais breve possível. De qualquer forma, falou-me que precisava de um certificado qualquer (que não cheguei a perceber bem o que era porque conversámos um bocadinho à pressa) que demoraria cerca de um mês. 

Seria uma excelente oportunidade.
Mas não vou já criar grandes expectativas. 
Se acontecer, óptimo.
Se não acontecer, a experiência destes dois meses já foi muito boa. 
What will be will be. 

Como referi em cima amanhã não vou trabalhar porque vou tratar do Nº da Seg. Social. A entrevista é ás 9h50 e não deve demorar mais que uma hora, mas disse logo que não ia trabalhar o dia todo. 
Vou aproveitar para passear mais um bocadinho. 
Afinal de contas isto de sair só ao domingo é muito pouco para quem tem uma cidade como Londres para descobrir. 
Ainda não sei onde vou. 
Na altura certa escolho a direcção. 

What will be will be. 
(como sempre nesta aventura!)



segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Clientes a menos, bagagem a mais

A inglesa voltou e, por isso, hoje voltei a entrar às 9h. 
Porém, já habituada à rotina da semana passada acordei às 7h antes do despertador (que estava programado para as 8h15). Virei-me para o outro lado e ainda dormi mais uma horinha. Mesmo assim voltei a acordar antes do despertador, mas desta vez já com o "sono feito".
Levantar, vestir, comer e internet e depois sair para o trabalho. 
Cheguei ao restaurante e o ambiente estava calminho. Sem muitos clientes. Na verdade, esteve assim o dia todo. Parece que é a gozar com uma pessoa. Quando estou sozinha vêem todos e mais os amigos, depois a outra volta e não vem ninguém. 
Ingleses, sempre ao contrário. 

Às 18h depois de sair fui a casa trocar de roupa e saí logo para ir outra vez ao "centro" de Londres para entregar algumas roupas e calçado à minha amiga que veio cá de visita (e que se vai embora amanhã). 
Estou com receio que na viagem de regresso não tenha espaço (e quilos) disponível para tudo. 
Tudo o que trouxe mais aquilo que tive que comprar aqui não ia caber na mala de porão de 20kg que comprei para o regresso. 
Entreguei roupa e calçado que trouxe mas que agora não é necessário. 
Mesmo assim, a ver vamos se vai dar para levar tudo para Portugal. 
Mas isso são preocupações para daqui a uns dias, não para hoje. 
(Por falar na viagem, a companhia aérea já me devolveu o dinheiro do bilhete que comprei errado - de Colónia para Lisboa. Que sorte que tive!)

Encontrámo-nos em Waterloo. Tivemos mais um tempinho juntos e depois voltei para casa. Foi a despedida porque eles regressam para Portugal amanhã ao fim da tarde. 
Foi muito bom estar estes três dias com eles. 
Deu para recarregar baterias para as três semanas que faltam. 

Em Waterloo aproveitei também para comprar os bilhetes de comboio para Birmingham para o próximo fim de semana. Yeah. 
Vou no sábado à noite (depois do trabalho) e volto no domingo à noite. 
(Tenho que aproveitar todos os tempos disponíveis para passear!)

Dia calmo. 

domingo, 25 de novembro de 2012

Londres com amigos


(Como disse no post de sexta-feira) Ontem, depois de sair do restaurante às 18h, fui ter com a minha amiga que veio a Londres de visita. Na verdade, passei o dia todo desejosa que as horas passassem para depois poder ir ter com eles - ela e o irmão - e matar as saudades. 
Depois daquele abraço do reencontro (e que abraço!) fomos jantar a Piccadilly Circus para poder pôr a conversa em dia e aproveitar para ver Oxford Circus e Piccadilly Circus à noite e já com as luzes de natal. 
Muito bom. 
Como nos encontrámos já eram quase 20h, a viagem entre minha casa e o "centro" de Londres demora, no mínimo, 30 minutos e hoje íamos passar o dia a passear juntos, acabei por passar a noite com eles no hotel. (À sucapa, pois claro!)
As viagens iriam ser tempo perdido. Foi uma boa opção, tendo em consideração que não fui apanhada. 
(Parece ridículo, eu é que estou a morar aqui e eu é que tenho que ficar com eles no hotel. Tenho a melhor colega de casa possível, não haja dúvida. "bitch" - desabafo)

Hoje conseguimos "picar o ponto" em vários locais importantes, mas a maioria eu já tinha visto. 
Passámos o dia todo a andar, literalmente. 
Planeámos ir logo pela manhã ao Tate Modern, mas acabámos por parar em vários locais antes do destino previamente escolhido. Primeiro em Regent's Park onde aproveitámos para tomar o pequeno almoço enquanto nos divertíamos com os esquilos, depois Houses of Parliament (Big Ben) e o Buckingham Palace (onde vimos, acho eu, o fim do "render da guarda"). Depois então o Tate Modern.
Apesar de não ser uma apreciadora de pintura/escultura, gostei bastante. Afinal de contas não é todos os dias que temos o privilégio de ver quadros verdadeiros do Picasso (e não só). Para surpresa minha, numa sala estavam três peças - construídas com materiais industriais e relacionadas com a luz - do português Pedro Cabrita Reis. 
A seguir ao Tate Modern (já por volta das 15h) fomos até Hyde Park para ver o Winter Wonderland. Pensámos que estava relacionado com o natal, mas rapidamente deu para perceber que eram só carrosséis, comércio e bancas de comida. Demos a volta numa hora e meia e no fim já eram 17h. 
Enquanto eles aproveitaram para ir a Oxford Circus às compras eu optei por vir para casa para poder descansar que amanhã é dia de trabalho. 
Adorei o dia. Principalmente, mas não só, porque deu para matar saudades. 
Baterias (quase) recarregadas. 

Entretanto no sábado o turco pagou-me a semana de trabalho: de segunda até sábado. Mais 50 libras do que o normal por ter começado às 7h e por ter estado sozinha todos os dias. 
Deu-me 230 libras (300 euros, mais ou menos). Nada mau.

Amanhã volto a entrar às 9h (isto se a inglesa não pensar faltar duas semanas seguidas). 
Depois de sair, às 18h, vou novamente ao "centro" de Londres encontrar-me com a minha amiga e com o irmão para entregar algumas coisas para levarem para Portugal. Na verdade, estou com medo que os 20kg de bagagem que comprei para a minha viagem não cheguem. Basicamente roupas e calçado que não me faz falta. Espero eu.

what will be will be. 

M&M word
Regent's Park


Ao pé do Buckingham Palace

Houses of Parliament - Big Ben

(Tate Modern)

(Tate Modern)

(Tate Modern)

(Tate Modern - Pedro Cabrita Reis)
(Tate Modern - Pedro Cabrita Reis)

(Tate Modern - Pedro Cabrita Reis)

Hyde Park - Winter Wonderland

Winter Wonderland


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Perfil

Mais um dia de trabalho das 7h às 18h.
Cansada, mas não tanto como ontem. 
No restaurante não se passou nada de especial, à excepção de ter ido lá, da parte da tarde, uma portuguesa à procura de trabalho. 
Ela entrou e veio ter comigo. Falou-me em inglês mas qualquer coisa me dizia que era portuguesa. (não me perguntem o quê porque também não sei). 
Perguntei-lhe de onde era e ela respondeu Portugal. 
Eu sabia, pensei para mim.
Disse-me que tinha chegado há uma semana e andava à procura de emprego. Estava a trabalhar num hotel mas o trabalho era muito "pesado". 
Perguntei-lhe logo se era no Travelodge (o mesmo onde eu estive). 
Respondeu que sim, e eu disse-lhe que também tinha estado lá, mas só quatro dias. 
Disse ao turco que ela estava ali para o emprego e ele disse-me para registar o nome e o número. 
Registei.
Estava com o marido, ambos (talvez) na casa dos 40 e tal. Ela disse-me que tinha o curso de Gestão e Contabilidade e ele era cozinheiro. Os dois à procura de emprego. 
(Mais um exemplo do que já disse em posts anteriores: estão muitos portugueses a vir para cá à procura do que não encontram no nosso país.)
Depois de saírem dei o número ao turco. Dobrou o papel e meteu no bolso. 
Virou-se para mim e disse: "Too big, darling. Too big."
(a senhora não era magrinha. ele disse que era difícil para depois se mover entre as mesas e conseguir fazer o trabalho como deve de ser.) De qualquer forma a rapariga que foi lá antes desta senhora portuguesa era de cor e ele disse que os clientes "ingleses brancos" não gostam de empregados negros. Será mesmo assim?! 
De qualquer das maneiras não fiquei nada agradada com esta "selecção" tão rigorosa. 
Mas, neste caso, sou só uma empregada (que, por acaso, encaixei no "perfil").

Mudando de assunto: 
Hoje chega uma amiga minha aqui a Londres. Vem de visita quatro dias. Ela e o irmão. 
Estou super entusiasmada para a ver. Estou cheia de saudades. 
Mas ainda não vai ser hoje, só amanhã depois de sair (18h) do restaurante. 
Eles eram para ficar em minha casa mas a rapariga que me alugou o quarto (e com quem partilho a casa) voltou com a palavra atrás e eles vão ter que ficar num hotel. (disse que a casa ficava muito cheia e ocupada)
(Estúpida! - desabafo)

Estou desejosa para que seja amanhã às 18h.
Depois dou novidades.


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Busy birthday to me

Ontem, dia 21 de Novembro, foi o meu aniversário. 
Nunca mais me esquecerei que fiz 23 anos em Londres (yeaah!) a trabalhar 11 horas (menos yeaah!) e a ver, pessoalmente, apenas uma cara conhecida (nada yeah!). 
Inesquecível, portanto. 
Na prática, entrei no restaurante às 7h, trabalhei até às 18h, fui jantar ao Nando's às 20h (perto de Victoria) e às 22h30 estava em casa. 
Happy birthday to me. 

Hoje voltei a ir trabalhar às 7h e voltei a sair às 18h.
A trabalhar sozinha porque a outra inglesa ainda está a faltar. 
Esta semana tem sido de loucos. 
Primeiro comecei logo por não ter folga no domingo, depois desde segunda feira que estou a trabalhar sozinha a atender os clientes. 
Ou seja, eu sozinha faço o trabalho de duas. Chega às 15h e já estou de rastos. 
Mas hoje fiz questão de dizer isso aos turcos. 
Assim não aguento. 
Apesar de me pagarem mais (e que não é assim tanto!), é muito trabalho para uma pessoa só. 
Tirar cafés, chás e afins, levar as bebidas às mesas, receber os pedidos, servir os pedidos, recolher a loiça, limpar as mesas, arrumar a loiça, (...), varrer o chão, lavar o chão, lavar a máquina do café, (...).
(o restaurante tem 14 mesas, agora façam as contas.)
Assim não aguento. 

Hoje foi lá um dos patrões que nunca está lá. E pelos vistos é o "big boss", como os outros turcos dizem. 
Então não é que se vira para mim e diz que eu não posso ficar em Portugal, tenho que voltar depois das "férias" porque o restaurante precisa de mim e que os outros turcos lhe têm dito muito bem de mim e que gostam muito do meu trabalho. Depois disse-me baixinho: quando a minha esposa vier (não me perguntem de onde!?) eu vou comprar o resto do negócio e depois preciso de ti aqui. 
"O teu país será sempre o teu país, e isso tens garantido. Aqui é uma nova conquista." - dizia ele. 
Respondi que não sabia. 

Estou estoirada.

Para recordar... 


Jantar no Nando's


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Era uma vez dois turcos, uma portuguesa, um ucraniano (e uma nepalesa)

Ontem, segunda-feira, cheguei ao restaurante às 9h e ainda estava fechado. 
Outra vez. 
A minha colega inglesa estava outra vez "doente". Começo a perceber que os turcos têm razão para desconfiar que ela está a mentir. Pelo que tenho percebido só trabalha quando precisa de dinheiro, nomeadamente para tabaco, bebida e outras coisas mais fortes. Vive com o namorado e, pelos vistos, além de "padecerem" dos mesmos vícios e problemas com o trabalho não têm que pagar renda de casa, gás, luz, água, e por aí em diante. A rainha paga. Têm, os chamados, "benefits". Assim é fácil. 
Apesar de não estar lá ela, estava outra rapariga. Não a outra inglesa que foi da primeira vez que ela faltou mas sim uma nepalesa. 
A rapariga disse aos turcos que já tinha trabalhado num café, mas pelo que mostrou acho que deve ter sido com a mesma máquina de café que eu trabalhei antes de ir para lá, ou seja com aquela de cápsulas.  (não sabia, portanto)
O problema é que demorou demasiado tempo a aprender ou pelo menos a demonstrar que poderia aprender rápido. Além de não conseguir trabalhar com a máquina do café fez uns tantos disparates com os clientes, inclusivamente entornar um hot chocolate inteiro. 
Resultado: passadas duas horas foi-se embora. 
A rapariga tinha a mesma idade do que eu, já está está aqui há mais de um ano e está a tirar o ensino secundário. Quando perguntei se tinha vindo com a família (depois de saber a idade), disse-me que tinha vindo com o marido. Com o marido?! Acho que fiquei tão surpreendida com ela quando me disse que era casada como ela ficou quando lhe mostrei como funcionava a máquina de café e fazia um "latte" (aquela bebida com leite e café que fica com três cores em camadas). Ficava surpreendida com quase tudo. 
Fiquei a pensar na relatividade dos factos e experiências. 

Voltando ao restaurante: como a nepalesa foi-se embora só fiquei lá eu e os dois turcos. Eu a atender os clientes, um a cozinhar e o outro (o patrão) a lavar a loiça. 
Tumbas! Joana André, a manager e relações públicas do estabelecimento. 
Na hora do almoço chegou o ucraniano que trabalha em part-time. Ficou ele a lavar a loiça, os dois turcos a cozinhar e eu a atender os clientes. 
Às 18h, hora de fechar, estava exausta. 
Mas contente porque não me tinha enganado em nada e os clientes até foram dizer bem de mim aos turcos. 
Bom dia de trabalho. 

Hoje, como já se sabia que a inglesa não ia outra vez tive que ir às 7h. Ainda era de noite. 
Sem ninguém à experiência, fui só eu, os dois turcos e o ucraniano à hora de almoço. E safei-me outra vez. Sem enganos e a trabalhar cada vez melhor.
Os turcos adoram-me e os clientes velhotes também. Os turcos porque já os "safei" umas vezes (e tendo em consideração que estou cá só há um mês, eles acham espectacular) e os clientes porque falo imenso com eles (ou pelo menos tento e quando não percebo digo "yes" e fica a coisa resolvida). 
Tumbas! Joana André, a manager e relações públicas do estabelecimento. 

Amanhã começo, outra vez, às 7h. 
Para compensar, à noite vou jantar a Piccadilly Circus (ao Nando's, possivelmente) com os amigos de Tomar. 

Rua de casa às 7h

Rua do restaurante às 7h

domingo, 18 de novembro de 2012

Meia folga

Como disse ontem, hoje tive que ir trabalhar apesar do domingo ser o meu dia de folga.
No entanto, como o restaurante não estava com muitos clientes o "boss" às 13h30 disse que podia ir para casa descansar.
E eu vim. E descansei.
Ainda pensei em ir passear até ao centro de Londres, mas acabei por passar a tarde em casa.
Entre fazer outra sopa, lavar umas roupas, ver umas coisas na net, ver um filme e descansar um pouco passou-se a tarde.

Amanhã "começa" uma nova semana de trabalho.
Vamos a isso.

http://weheartit.com/entry/30961430

sábado, 17 de novembro de 2012

Não adianta chorar pelo leite derramado

Ontem não escrevi porque foi um dia "complicado". 
O restaurante esteve o dia todo cheio de clientes e, por isso, parei apenas para almoçar à pressa (e já eram 15h). Para complicar ainda mais as coisas logo de manhã entornei o fervedor do leite (que estava cheio na altura) pelo chão e por quase todas as canecas, copos e pratos do restaurante. Ups! Asneira. 
Fiquei mesmo (mesmo!) chateada.
Mas não adiantava chorar pelo leite derramado. 
Restou-me limpar tudo ao mesmo tempo que atendia os clientes. Uma canseira, portanto. 

Assim sendo, cheguei a casa prontíssima para dormir. 
Mas precisava primeiro de comprar o bilhete de avião de regresso a Portugal. 
Cada dia que passa os bilhetes estão mais caros. 
Entre algumas dúvidas (Porto, Lisboa ou Faro e quantos "quilos" de bagagem comprar) e opções acabei por escolher um voo para Lisboa com escala na Alemanha (Colónia) para o dia 16 de dezembro. 
O preço parecia razoável.
Até aqui tudo bem, o pior foi DEPOIS de pagar quando reparei tinha comprado apenas o bilhete de Colónia para Lisboa. 
Faltava o trajecto Londres-Colónia. 
E pronto, apesar de não adiantar chorar pelo leite derramado... 

A linha de apoio já não estava disponível aquela hora, por isso restava-me esperar pelo dia de hoje. O problema é que ia estar a trabalhar. 
Valeu-me o boyfriend e uns amigos. 
Resolvido. 
A companhia abriu excepção e disse que anulava a viagem e devolvia o dinheiro (num prazo de duas semanas) se houvesse a compra do bilhete de Londres-Lisboa. 
Que sorte.

Tendo em consideração que precisava de estar a par dos "acontecimentos" ao longo do dia, logo de manhã no restaurante tive que pedir para ter o telemóvel ao pé de mim. 
Ter o telemóvel ao pé de mim não foi problema, mas a "ideia" do meu regresso para Portugal sim. 
Ficaram todos em alvoroço e a dizer que tinham que procurar outra empregada. Eles estavam a pensar que queria regressar já nos próximos dias, mas quando disse que era só para dia 16 de dezembro as coisas ficaram resolvidas.
(Cheguei a pensar que ia perder o emprego...)
De qualquer forma, depois de perceberem que era só dia 16 de dezembro fizeram-me imensas perguntas. Inclusivamente quando voltava das "férias".
Respondi que ainda não sabia se voltava. 
Ficaram confusos e perguntaram porquê. 
Disse que era complicado para mim estar aqui sozinha sem a família e os amigos. 
Perceberam metade. 
Então porque é que vieste, perguntaram. 
Respondi que a ideia inicial era só até ao Natal (pela experiência e para melhorar o inglês) e depois se estivesse "bem" e a gostar ponderava ficar mais tempo. 
Acho que perceberam, mas não ficaram convencidos. 
Disseram-me que se voltasse, depois do ano novo, me ofereciam quarto e pagavam 35 libras por dia. Pensa e passada uma semana de estares em Portugal ligas-me a dar a tua resposta, disse-me. 
Está bem, respondi. De qualquer forma perguntei se era para continuar a trabalhar até dezembro. 
Disse-me que sim. 

Dizem que quando a esmola é muita o pobre desconfia. 
Não sei se devo desconfiar ou não. Parecem-me ser boas pessoas, mas duas semanas ainda é pouco para saber ao certo.
Até agora ainda não me faltaram com nada, perguntam-me frequentemente se estou bem e têm-me pago sempre. Não tenho razões para desconfiar. 

Tenho que pensar. Ainda tenho tempo para decidir. 

(Apesar de o domingo ser o meu dia de folga amanhã tenho que ir trabalhar. A rapariga que costuma ir ao domingo não pode ir. Uma chatice. Estava mesmo a precisar desta folga para descansar, passear e ver os amigos que estão por cá. Paciência.)


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Normal

Hoje não aconteceu nada de especial.
A inglesa voltou ao trabalho mas acabou por sair mais cedo (14h). 
Fiquei sozinha outra vez, mas como foi só da parte da tarde foi mais calminho. Desenrasquei-me bem. 
Não me enganei nenhuma vez, o que já foi positivo. 

As senhoras portuguesas que falei há uns dias atrás voltaram ao restaurante.
Meti conversa: perguntei-lhes se trabalhavam aqui perto e disseram-me que era na escola ali ao lado (na cozinha). Aproveitei para dizer que era professora de educação física e mostraram-se logo disponíveis para falar com as professoras lá da escola, nem que seja para um estágio. 
Óptimo, pensei. Seria uma excelente oportunidade. 
A senhora disse que falávamos com mais calma para a semana. Vou esperar. De qualquer forma, a simpatia e disponibilidade demonstrada já foi uma "lufada de ar fresco".

De resto, tudo normal. 

(Já comecei a ver os bilhetes de avião para o regresso. Tenho que encontrar um baratinho. O pior é mesmo a bagagem. Se para cá foi complicado, então na volta ainda vou ter mais coisas para levar. Ainda nem sei como fazer. Logo se vê.)


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Português, o desenrascado

Digam o que disserem, o português é sempre o mais desenrascado. 
Ora vejam:

Hoje cheguei ao restaurante às 9h para começar a trabalhar quando reparo que ainda está fechado, apesar dos turcos estarem lá dentro (com as luzes apagadas). Pensei que tinha acontecido alguma coisa. E o que era: a minha colega inglesa estava a faltar (doente, mas eles dizem que está a mentir). 
Pois bem, como ela não foi o restaurante não abriu às 7h como de costume mas sim às 9h quando eu cheguei. 
Afinal de contas eles é que estão cá há mais de um ano, são os donos, e mesmo assim não se desenrascam sozinhos? Tiveram que esperar que eu, que estou cá há três semanas, chegasse? Parece mentira mas é verdade. 
Digam o que disserem, o português é sempre o mais desenrascado. 
Conclusão: estive o dia todo a atender os clientes "sozinha". Eles ainda conseguiram chamar outra inglesa para ajudar, mas a senhora dava mais importância à lavagem da loiça do que aos clientes, ou seja não foi grande a ajuda e tive que receber os pedidos todos sozinha. E sem ajuda.
No final das contas apenas me enganei num, que por acaso era take away e o senhor voltou para reclamar. ups!
(na verdade fiquei aborrecida, mas já não havia nada a fazer. Os turcos chamaram-me a atenção, e com razão.)
De qualquer forma, no geral acho que consegui dar bem conta do recado. 
Até o telefone atendi, vejam lá os progressos.
Não tivesse sido aquele erro e tinha sido um dia "em cheio". 
De qualquer forma estou completamente estoirada. Só consegui sentar-me 15 minutos e foi para almoçar. 
(ainda bem que hoje não fui correr de manhã como tinha planeado. ontem adormeci tarde e optei por ficar a descansar mais um pouco de manhã. parecia que estava a prever o "dia".)

Estou contente com os progressos que tenho alcançado, principalmente ao nível do inglês que sempre foi um dos objectivos desta aventura. Cada dia sinto mais confiança e segurança na fala e isso também me permite aprender mais. 
Cada dia é mais um passo.

Agora é descansar e ter esperança que a inglesa amanhã volte ao trabalho. ;) 



terça-feira, 13 de novembro de 2012

Jogging

Hoje acordei uma hora mais cedo do que o habitual para fazer uma corrida matinal. 
Já sentia falta de fazer alguma actividade física. 
Não é que esteja propriamente sentada durante o dia, mas o exercício físico faz-me falta. 
Ao corpo e à mente. 
Nunca me considerei uma fã do jogging, mas depois de começar a fazer de forma mais frequente percebi  o quão importante é para mim. 
Para o corpo e para a mente.
Durante a corrida fujo do local da partida ao mesmo tempo que fujo da "realidade". 
No fim, fico feliz com o cansaço.
O cansaço acima de tudo liberta o meu pensamento para ideias positivas e projectos futuros. 

A corrida de hoje foi pequena porque já não corria há muito tempo e tinha que ter forças para trabalhar durante todo o dia. Mas amanhã repito. 
Um dia de cada vez. Um bocadinho mais cada dia. Todos os dias. 

Hoje corri pelas ruas de Londres. 
Há um ano atrás corria na estrada do Guincho, em Cascais. 
Troquei para pior, garanto.
Entre correr a ver o mar, as dunas e a Serra e correr em passeios sujos e por entre carros que circulam do lado contrário da estrada, não tenho dúvidas na escolha. 
(até porque na segunda a probabilidade de ser atropelada é exponencialmente superior, não porque os carros andam mais depressa mas porque olho sempre para o lado errado da estrada.)
Mas agora não posso escolher. É aqui, e é aqui mesmo. 

Em relação ao trabalho, hoje tive uma agradável surpresa. 
Quando estava a servir as bebidas numa mesa percebi que as clientes eram portuguesas. Três senhoras. Falavam em português. Meti logo conversa. 
Ficaram surpreendidas, mas foram muito simpáticas e bastante prestáveis. Uma disse-me que era de Almada, que morava aqui perto e que me iam dar o contacto para se precisasse de alguma coisa. 
Foi bom ouvir a "nossa gente". 
No trabalho propriamente dito, as coisas não correram assim tão bem. Há uns dias que já recebo os pedidos dos clientes, de qualquer forma ainda não me sinto completamente confiante porque há coisas que ainda não consigo perceber. Não tenho problemas em pedir ajuda à outra rapariga inglesa. Ela ajuda-me quando peço, de qualquer forma a "posição" do turco (manager) nem sempre é a mais correcta e por vezes isso tira-me a confiança e segurança para o pedido seguinte.
De qualquer forma, todos temos dias maus e sinto que estou a melhor o meu inglês todos os dias. 
E isso é que interessa. O resto é conversa. 

amanhã é outro dia. 
e começa com nova corrida. 

http://weheartit.com/entry/40911781/via/maria102


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Saudades

Ontem foi a minha primeira folga e fui passear. 

De manhã fui até ao IKEA comprar umas coisinhas que precisava, como por exemplo a concha que falei no último post. Não gastei muito, foi só mesmo o essencial. 
Decidi ir lá porque é relativamente perto de minha casa e ficava mais "em conta". 

Não pus despertador para acordar, mas mesmo assim eram 8h45 e já tinha acordado. 
Saí por volta das 10h e cheguei a casa às 13h para deixar as compras,  almoçar e falar com a família.
Apesar de ter continuado o passeio da parte da tarde, optei por vir a casa almoçar para conseguir falar com a família. Os avós maternos ao domingo vão almoçar a minha casa e por isso é uma óptima altura para os ver a todos. 
As saudades começam a apertar. 
Qualquer oportunidade é boa para encurtar a distância. 

Depois da conversa e do almoço, saí novamente.
Da parte da tarde tinha combinado um café com uns amigos de Tomar. 
Fomos até a Regent's Park e Piccadilly Circus. 
Foi óptimo ver caras conhecidas e trocar impressões sobre cada uma das experiências. Eles também estão cá há relativamente pouco tempo e por isso as aventuras são semelhantes. 
As saudades começam a apertar.
Qualquer oportunidade é boa para encurtar a distância. 

No final das contas, nesta aventura o que torna as coisas mais complicadas é o facto de estar sozinha. 
Converso todos os dias com amigos e família pela internet. Mas não é a mesma coisa. 
Tenho saudades de os ter por perto. 
Este passeio com os amigos fez-me bem, mas soube a pouco. No final do dia voltei para casa sozinha. 
O facto de trabalhar até às 18h todos os dias, excepto ao domingo, e de não morar propriamente no centro de Londres (demoro cerca de 30 minutos de autocarro até à estação de metro mais próxima) dificulta estes encontros entre amigos. De qualquer forma, são para repetir. Fazem-me bem.

A "solidão" não é uma experiência nova para mim uma vez que já morei sozinha anteriormente, contudo não durante tanto tempo. 
A "solidão" de uma semana é diferente da "solidão" de 3 semanas. 
E quando falo de solidão não falo de isolamento, falo de uma rotina diária feita em monólogo e a uma só vontade.
De qualquer forma, esta "solidão" era já uma variável conhecida e prevista antes de sair de Portugal e de começar esta aventura, por isso não é uma surpresa. Aguenta-se. A internet e os encontros, ainda que escassos, com os amigos, ajudam. 
Mas, as saudades ninguém as tira. 
Falta um mês. 
("está quase, penso!")

P.S. -  O apoio que tenho recebido, quer pelo blog quer pelo facebook, da família, amigos, conhecidos e amigos dos amigos, tem-me dado uma força gigante. 
Obrigado. 

http://weheartit.com/entry/26378155/via/Glitterlady

sábado, 10 de novembro de 2012

Sopa e internet

Agora sim percebo o quão dependente sou da internet (e da sopa). 

Desde ontem de manhã até hoje ao início da noite estive sem internet em casa.
Ontem quando cheguei a casa do trabalho percebi que a internet estava avariada.
Parecia que estava perdida. Não sabia o que fazer durante o serão... 
Estar sem internet significava não poder ver os emails, não ter o skype, o facetime, o facebook, o blog, o site para ver tv portuguesa, e tantas outras coisas. 
Restava-me os filmes que tinha no computador e o livros que trouxe. 
Penso agora como seria se não existisse a internet. 
Primeiro, e principalmente, as saudades de "casa" seriam ainda maiores. O facto de conseguir falar diariamente com a família e amigos no skype, facetime ou facebook ajuda bastante a diminuir a "distância" e a suportar as saudades. Estão mesmo ali ao lado. 
Acredito que esta aventura feita à vinte anos atrás seria vinte vezes mais difícil. Possivelmente, nessas condições eu não me teria aventurado. 
Mas as minhas "condições" são estas e, por isso, aventurei-me e, por isso, vou aproveitá-las. 

Sobre a sopa: 
Como disse no post anterior a comida é o factor que tem sido mais complicado para mim nesta experiência. Ainda me estou a habituar a alguns costumes e manias dos ingleses.
Não tenho andado a comer bem, e por isso a única coisa que desejava era uma sopa. 
Eles por cá não têm o habito de comer sopa, e quando comem é daquelas frescas pré-feitas ou das de lata (como aquelas que o restaurante onde trabalho vende. uma por dia, nos melhores dias). 
Por isso, a única solução era fazê-la. 
Tudo bem, pensei. Afinal não é assim tão difícil comprar meia dúzia de legumes, cozer e triturá-los. 
Mas foi. 
Não por minha culpa, mas sim por culpa dos ingleses e da sua falta de hábito para a "coisa". 
A compra foi fácil, mas o resto nem tanto. E porquê? 
Porque a varinha mágica e a concha são dois utensílios estranhos para eles. E, por isso, inexistentes na maioria das casas (inclusivamente naquela onde aluguei o quarto) e desconhecidas para a maioria das lojas/supermercados abertos.
De qualquer forma, desenrasquei-me. 
A varinha mágica pedi emprestada no restaurante onde trabalho (quase que me ofereceram tendo em conta que não a usam) e a concha que usei foi uma taça (daquelas de comer os cereais). 
Depois de cozida e triturada meia dúzia de cenouras, duas corgettes, uma cabeça de nabo e um alho francês, o meu creme de cenoura estava pronto. 
E delicioso, garanto.
Quem também ficou muito contente com este "meu sucesso" foram as minhas avós. Todas orgulhosas quando lhes contei. 

Em relação ao trabalho no restaurante, tenho feitos alguns progressos. Já registo alguns pedidos dos clientes e já percebo quase tudo o que dizem. Sinto-me mais à vontade e por isso também mais segura e confiante para registar o que dizem e falar se for necessário. A confiança é meio caminho andado... 

Amanhã é o meu dia de folga. E bem que preciso, sinto-me cansada. De qualquer forma também vou aproveitar para passear. O facto de sair às 18h durante a semana não me tem permitido passear muito. "Mas antes assim." 
Hoje pagaram-me os cinco dias que trabalhei. 150 libras. Nada mau.

Amanhã darei mais novidades. 
Depois de comer a sopa (e se tiver internet!). 








quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Rotina

Não tenho muitas novidades.
Entrei às 9h e saí as 18h.
Foi sair de casa, andar 2 minutos, entrar no café e depois sair para voltar para casa ao fim do dia.
Hoje não foi tão cansativo. Além de terem sido menos 2 horas de trabalho, acho que já me estou a começar a habituar à rotina.

Penso que, aos poucos, estou a conseguir "estabilizar".
As últimas duas semanas foram cheias de aventuras, experiências, "passos para a frente", "passos para trás", encontrar um espaço para mim ...
aos poucos, tudo se está a compor.

a comida, tem sido o maior problema. ainda não me consegui habituar a algumas mudanças que tive que fazer. não ando a comer bem, e isso depois reflecte-se no meu "equilíbrio" (u know, right?)

amanhã será outro dia.






terça-feira, 6 de novembro de 2012

5 libras

Primeiro dia de trabalho a sério. 
Entrei às 9h e saí às 20h. 
Resultado: são 21h20 e eu já estou deitada, pronta a adormecer.
Foi bastante cansativo. 

O turno é das 9h às 18h, mas quando há jogo de futebol, em casa, do Crystal Palace (equipa daqui que joga na 2º divisão inglesa) o restaurante só fecha às 20h. 
Ao contrário do que se passa em Portugal, aqui os estádios estão sempre cheios. Quer seja da primeira ou da segunda divisão. Cada um puxa pelo clube da sua "terra". Neste caso, é pelo Crystal Palace. 
(de minha casa consigo ouvir os cânticos no estádio)

Apesar de só pagarem à semana, no final do dia deram-me a minha parte das gorjetas. 
5 libras.
O primeiro "dinheiro" que ganho por cá. Até agora tinha sido só gastar. E não foi pouco. 

De uma forma geral o dia correu bastante bem. 
Até agora ainda não tive grandes problemas de comunicação. Ainda não registo os pedidos dos clientes porque isso exige algum vocabulário "especial" que ainda não tenho, mas de qualquer forma tenho-me desenrascado. 

Agora, descansar. 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Calhou outro osso ao mesmo cão. Sorte?

Tal como tinha dito ontem, para hoje estava programada uma visita ao Olympic Park em Stratford. 
Como não estava comprometida com nada nem com ninguém acordei quando já tinha descansado, que é como quem diz "sem despertador". 
No entanto, como não sou rapariga de acordar tarde, eram 8h30 e despertei. 
Entre levantar, tomar banho, vestir e comer qualquer coisa passou meia hora. 

(até aqui nada de extraordinário, mas depois...)

No caminho de casa para o autocarro (cerca de 2 minutos a pé) passei por um restaurante/café com um anúncio a pedir uma empregada de mesa. olhei e continuei a andar. mas não andei muito: cinco passo, talvez. voltei para trás para confirmar e olhar bem para o local. 
fiquei indecisa: entro ou não? nem tenho aqui o meu CV, pensei. 
Mas entrei. 
Caso pedissem o CV, num minuto voltava a casa para ir buscar uma cópia.
Mas não foi. 
Perguntaram-me se podia voltar passada uma hora para "experimentar" trabalhar durante 3horas. 
Disse que sim. (pensei que o mais que podia acontecer era trabalhar mais 3 horas de borla, mas desta vez pelo menos aprendia a fazer capuccinos.)
Voltei a casa para fazer tempo e depois voltei ao restaurante. 

(tenho tanto para contar que das duas uma: ou este post fica enorme ou vai ficar alguma coisa para contar)

O restaurante é de uns turcos, mas que falam bem inglês. Têm uma empregada inglesa de 25 anos que foi quem me esteve a ajudar/ensinar. Chama-se Nicola. (O nome dos turcos não consegui decorar.)
Começou por me perguntar se sabia trabalhar com a máquina do café.
Sim, respondi eu ao mesmo tempo que pensava na única máquina de café em que tinha mexido: a que tenho em casa e que funciona com cápsulas.
Afinal de contas, mesmo que não soubesse ia aprender. eles é que não precisavam de saber...
e assim foi, rapidamente aprendi a tirar cafés (entenda-se que aqui um café não é um simples expresso, mas sim um "balde" de café com um bocadinho de leite), chás, capuccinos, chocolates quentes, batidos e mais umas quantas coisas. 
O meu maior receio era o atendimento ao público. Primeiro o menu era gigantesco (fora as inúmeras opções que podiam juntar ou retirar aos pratos já definidos),  e segundo os clientes falavam muito rápido e baixinho. 
Mas mesmo assim, hoje não houve problema porque a outra rapariga registou todos os pedidos e eu apenas observei. De qualquer forma tenho que estudar o menu. Pelo menos perceber tudo o que lá está escrito. 
(não disse antes, mas o restaurante é daqueles que serve um special breakfast com bacon, ovos, salshichas, feijões e batata frita. muito saudável, portanto. mas quanto a isso estou bem, afinal são eles que comem e não eu.)
Depois de lavar pratos e copos, tirar cafés e afins e servir às mesas, o dono do restaurante veio falar comigo. 
Perguntou-me a idade. Disse que tinha 22 anos e ele riu-se. Pensava que tinha 16, disse ele. 
Perguntou-me há quanto tempo estava cá. Disse que há 2 semanas. Ficou admirado. Falava muito bem inglês para tão pouco tempo, disse ele (e aí quem ficou admirada fui eu!)
Perguntou-me com quem tinha vindo e com quem morava. Disse que sozinha e que tinha alugado um quarto. Fez cara de espantado. 
Depois de mais umas quantas perguntas disse que era desenrascada e trabalhadora, e que por isso ia conseguir evoluir rapidamente. 
Ofereceu-me 30 libras por dia mais gorjetas e comida, para trabalhar das 9h às 18h. Ao fim de duas semanas, se tiver evoluído passa a 35 libras por dia. 
Concordei.
Por mim estava óptimo. 
Trabalho ao pé de casa, a ganhar 30 libras por dia, com alimentação e onde só posso falar inglês? 
Para mim, é perfeito. 

Foi sorte? Persistência? Mérito e competência? 
Acredito que apesar de vivermos em democracia, o nosso caminho é traçado por uma meritrocacia pouco evidente numa primeira impressão. Numa democracia "total" todos teríamos direito à mesma sorte. E não temos. A sorte procura-se, já alguém o disse. Eu procurei, e encontrei.
"Sorte a minha!" 

Às 14h, depois de almoçar, voltei para casa. 
Depois de contar a novidade à família e amigos, peguei na mala e fui passear. 
Afinal de contas ontem comprei um passe mensal de 112 libras que agora não vou precisar. 
Ao menos tenho que aproveitá-lo para passear. 

Hoje, foi um bom dia. 
Agora é descansar, porque amanhã é dia de trabalho. 


domingo, 4 de novembro de 2012

papas e descanso.

Hoje passei um "verdadeiro" domingo. 

Passei o dia em casa. 
Só saí para comprar o pass para o mês. 
Decidi comprar o Travelcard (zona 1 e 2) de um mês. 112 libras. 
Por aqui os passes podem ser comprados em várias "lojas" (parecem minimercados e quase todos são de emigrantes indianos). Por isso, fui à loja mais perto. A senhora percebia menos de inglês que eu. O que dizia não se percebia nada. Além disso, atendia todos os clientes a falar ao telefone (na língua dela).  
Péssimo atendimento. 
Disse obrigado e saí. 
Fui tentar outra loja. 
Feito em dois minutos.
Voltei para casa. Passei o dia a ver séries, tv, ler e planear os próximos dias. 

Papas e descanso, portanto.
Amanhã vou até ao Olympic park (Stratford). 





sábado, 3 de novembro de 2012

Condição de turista

Novidades.
Hoje foi o último dia que fui trabalhar no emprego que arranjei. 
E adivinhem: não me pagaram os dias que trabalhei. 

Ontem o dia foi completamente desgastante.
Tive a trabalhar, sem parar sequer para comer, das 9h30 às 15h30. Depois apanhei o autocarro para tentar fazer uma conta no banco. Consegui, cheguei ao local um quarto de hora antes de fechar (aqui os bancos, ou pelo menos aquele, fecham às 16h30). Como é comum em Inglaterra, tive que marcar uma entrevista para abrir a conta (será quarta às 15h). Já para ter o National Insurence Number (Nº Seg. Social) também tive que marcar uma entrevista, mas esta só será para 29 de Novembro. Mesmo a tempo, tendo em consideração que estou a pensar voltar passados uns dias, mas de qualquer forma fica feito para o caso de voltar. 
Voltando à correria de ontem. 
Depois de ir ao banco, fui a Oxford Circus (aquela rua cheia de lojas que já mencionei num dos primeiros posts do blog) para ir à Primark comprar umas coisas para quarto. Comprei um edredão, capa para o edredão, lençol e umas pantufas (30 libras, nada mau). A seguir, fui para casa da amiga que me tem ajudado por cá (uma ajuda importante e essencial!) para ir buscar as minhas coisinhas para levar para o quarto novo. Depois de tudo arrumado, pegámos nas malas e lá fomos nós. 
Mais ou menos 40 minutos depois, estava no quarto novo. 
Assinado o "contracto", recebidas as chaves, saí para ir comprar algumas coisas para a despensa. 

Daí estar exausta. 
Mas, mesmo assim, não consegui dormir à noite. 
Continuei a pensar no trabalho e na remuneração associada. Valeria a pena por tão pouco? 

Tinha o despertador para as 9h15 (porque tinha que estar no hotel às 10h), mas eram 8h e já estava levantada. 
Liguei para os meus pais para mais uma vez falarmos de toda esta situação. 
Percebemos que não compensava tamanho esforço. Afinal "tão pouco" não iria fazer tanta diferença comparado com as privações que a experiência poderia trazer. 

De qualquer forma, fui para o hotel com intenção de perceber claramente se a situação era aquela que eu estava a compreender. Se fosse, então decidiria que não continuava. 
E era. Tal como estava a perceber. E decidi não continuar. 
E adivinhem: não me pagaram os dias que trabalhei. 
Incluindo o de hoje, porque a minha teimosia em cumprir a minha palavra "obrigou-me" a fazê-lo. Afinal de contas estavam a contar comigo para trabalhar.
(Parva, pensam uns. Mas não o consigo fazer de outra forma. Teimo em pôr as necessidades dos outros à frente das minhas. Defeito. Haverá o dia que me canso.)

E agora? 

Volto à condição de turista. 
Peão das ruas de Londres. 
Visitante dos museus e locais simbólicos de Londres.
Curiosa das faculdades e universidades de Londres.
Observadora das oportunidades de emprego de Londres. 
E quem sabe, voluntária de uma qualquer causa de Londres. 

Afinal de contas,  Londres é enorme. 

What will be will be. 

Local do meu quarto. 


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Escravidão e quarto novo

Hoje estou completamente exausta.
Percebi que estou a ser escravizada no trabalho que arranjei. Vou ganhar muito menos (metade!) do que aquilo que pensei. Ao perceber este facto fiquei apreensiva quanto ao "futuro". Valerá a pena? 
Não sei. 
O dinheiro que vou ganhar não chega nem para a renda. 
Já tinha planeado continuar à procura de outro emprego, mas tendo em conta as circunstâncias acho que vou fazê-lo de forma ainda mais exaustiva. 

De qualquer forma, até dia 2 de Dezembro tenho a renda do quarto paga. 
A trabalhar ou não ficarei por cá. Depois logo se verá. 

Já estou no quartinho novo (foto). Adoro. 
Amanhã conto mais pormenores porque hoje estou mesmo a precisar de descansar. 


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Um quarto em Londres

E pronto, FINALMENTE CONSEGUI ARRANJAR QUARTO.
Mais um passo importantíssimo nesta aventura.

A casa não é muito grande, mas o quarto é espaçoso e "arrumadinho".
Vou dividir casa com uma rapariga inglesa bastante simpática (Tammy).
Disse logo que ficaria apenas até 15 de Dezembro. Sem problema.
Facilitou o pagamento e mostrou-se bastante atenciosa.
Vou pagar 400 libras por mês. Bom preço para Londres.
(Em Lisboa, dava para pagar um T2).
Mudo-me amanhã-

Em relação ao trabalho, hoje tive o segundo e último dia de "treino".
Estive a aprender com o único homem da "equipa" (brasileiro). Bastante competente.

Aos poucos, tudo se compõe.

Agora tenho que fazer uma lista de coisas e coisinhas que tenho que comprar para amanhã.

amanhã já devo escrever do quarto novo. com fotos e tudo. YEAH :)